Cientistas descreveram o que seria o primeiro fóssil conhecido de uma cobra com quatro patas. O fóssil de aproximadamente 120 milhões de anos e 20 centímetros de comprimento foi encontrado na Formação Crato, localizada na bacia do Araripe, no Ceará.
Essa seria uma das mais antigas serpentes já encontradas, sugerindo que o grupo evoluiu a partir de ancestrais terrestres e não marinhos. Elas teriam vivido na Gondwana, o remanescente do sul do supercontinente Pangea. A descoberta será descrita na revista Science nesta sexta-feira (24).
Pelo tamanho e formato das patas, elas provavelmente não eram usadas para locomoção, mas para agarrar presas e até para apertar o par durante o acasalamento.
Apesar de seu corpo ter características anatômicas de cobra, alguns pesquisadores não têm tanta certeza de que o fóssil é parte da árvore genealógica das serpentes.
Além disso, o fóssil estava em um museu alemão e acredita-se que é proveniente do nordeste Brasileiro. Ninguém sabe como ele foi parar na Europa, já que é ilegal exportar fósseis desde 1942.
Ao analisar tanto as características genéticas quanto morfológicas da nova espécie em comparação com outras espécies de serpentes conhecidas, os pesquisadores deram pesos diferentes para cada fator em quatro análises separadas, e chegaram â conclusão de que a criatura de quatro patas era realmente um ancestral de cobras modernas.
A nova espécie foi chamada de Tetrapodophis amplectus. O nome do gênero, em grego, significa "serpente de quatro patas."
Até agora, os fósseis de animais considerados "protocobras", ou os ancestrais das cobras, só tinham um par de membros, geralmente os posteriores). O "amplectus", nome da espécie, vem do latim e significa "abraçar" -- refere-se a flexibilidade da criatura e capacidade de embrulhar firmemente sua presa.
A parte da frente do fóssil --que parece estar completa e tem todos os ossos em suas posições originais-- está enrolada, o que demonstra uma extrema flexibilidade dos membros, diz Nicholas Longrich, paleontólogo de vertebrados da Universidade de Bath, no Reino Unido e co-autor do estudo. Além dos membros minúsculos, o espécime tem um crânio do tamanho de uma unha humana, 160 vértebras da coluna vertebral, e 112 vértebras na cauda.
Ela apresenta muitas características clássicas de cobra, como um focinho curto, longo crânio, corpo alongado e mandíbula flexível de engolir grandes presas. Ela também mantém a estrutura vértebras típica de cobras que permite a extrema flexibilidade necessária para contrair a presa.
Fonte: UOL