Era verão de 1996 e dois estudantes universitários passeavam à beira do rio Columbia, na cidade de Kennewick, Washington, nos Estados Unidos. Eles nunca imaginavam que estavam prestes a realizar a descoberta arqueológica mais importante dos Estados Unidos.
Ao avistar algo que se parecia com um osso, chamaram a polícia, que logo descobriu que tratava-se de um esqueleto quase completo. Mas ele era muito antigo. Tão antigo que tratava-se do primeiro homem a ter habitado os Estados Unidos (que se tem notícia). Sua idade? Nove mil anos. O primeiro ancestral americano logo foi chamado de "Homem de Kennewick".
Mas a história não é tão simples assim. Os restos mortais foram considerados pelos índios Umatilla e outras quatro tribos da bacia do rio Columbia como de seus ancestrais, e foram amparados sob a lei de Proteção de Tumbas Nativas e Repatriação dos EUA.
Eles reivindicavam um enterro de acordo com as tradições e que nenhuma pesquisa fosse feita com os restos mortais. O acesso dos cientistas ao esqueleto só foi possível dez anos depois, após uma batalha na Justiça que envolveu os índios, os cientistas e o governo americano.
Na quinta-feira (18), a revista Nature publicou o resultado das pesquisas feitas com o Homem de Kennewick. Cientistas mapearam o genoma do primeiro ancestral americano e concluíram que ele está mais ligado aos índios americanos nativos que a qualquer outra população. Análises iniciais haviam apontado que ele teria traços de povos antigos da Polinésia, o que não se confirmou.
A pesquisa foi liderada pelo cientista Eske Willerslev e examinou fragmentos de DNA retirados de um osso da mão. O genoma foi comparado com o de diversos povos, ficando mais próximo das tribos da reserva de Colville.
Para se descobrir com certeza quais os descendentes do Homem de Kennewick será preciso que o sequenciamento do genoma de outros povos nativos dos Estados Unidos seja feito.
Fonte: UOL