A tempestade bizarra de seis lados, que ocorre no pólo norte de Saturno, tem desconcertado os astrônomos desde que foi detectada pela primeira vez há 30 anos.
Agora, eles acreditam ter resolvido um dos seus maiores mistérios, buscando compreender como esse fenômeno funciona e também descobrir o período de rotação de Saturno nesse processo.
O vento hexagonal misterioso tem mais de 30 mil km/h. O hexágono é feito com diversos ventos superiores à atmosfera do planeta, o que cria o seu formato. Visto pela primeira vez por Voyagers 1 e 2, há mais de 30 anos, a tempestade é vista como uma parte da rotação de Saturno. No ano passado, a sonda Cassini forneceu aos cientistas a primeira visão bem de perto de um furacão gigante que está dentro do hexágono, que se move a 150 m/s.
Nada parecido com tal geometria já tinha sido visto em qualquer outro planeta do Sistema Solar. O Grupo de Ciências Planetárias agora tem sido capaz de estudar e compreender o fenômeno, e finalmente estabelecer período de rotação de Saturno, que é o único planeta do Sistema Solar cujo esse dado permanece desconhecido.
Os pesquisadores sugerem que o hexágono e seu fluxo são a manifestação de uma "onda de Rossby", semelhante às que se formam nas latitudes médias da Terra. No nosso planeta, a corrente de jato vinda do oeste para leste traz, associada a ela, o sistema de áreas de baixa pressão e anticiclones que temos visto regularmente em mapas meteorológicos. Em Saturno, um planeta de gás hidrogênio, dez vezes o tamanho da Terra, por conta da baixa temperatura das nuvens, sem uma superfície sólida e com uma atmosfera tão densa como a de um oceano, “espera-se que o movimento de ondas hexagonais da corrente possam ser reproduzidas na vertical e nos revelem aspectos da atmosfera oculta do planeta", disse Agustín Sánchez-Lavega, chefe do grupo de pesquisa de Ciências Planetárias.
"O movimento do hexágono poderia, portanto, ser vinculado às profundezas de Saturno, e o período de rotação desta estrutura, é de, como pudemos verificar, 10 horas, 39 minutos e 23 segundos”, acrescentou.
Essa tempestade misteriosa foi o que deu uma visão completa da parte superior de Saturno, que ainda era desconhecida pelos cientistas. "Um furacão na Terra, normalmente, dura uma semana, mas este tem se mantido no planeta há décadas – ou, quem sabe - talvez séculos", disse Andrew Ingersoll, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. Os cientistas suspeitam que a estabilidade do hexágono tem algo a ver com a falta de terra firme em Saturno.
Somente agora, com o início da primavera na parte norte de Saturno, que a luz solar começou a iluminar o hemisfério norte do planeta. "À medida que se aproxima o solstício de verão de Saturno, futuramente, em 2017, as condições de iluminação vão melhorar, e estamos animados para acompanhar as mudanças que ocorrem dentro e fora do limite da tempestade", disse Scott Edgington, vice-cientista do projeto Cassini.
Fonte: Jornal Ciência