A maior catástrofe da história da humanidade – assim foi chamada a erupção de 1883 do megavulcão indonésio Krakatoa. Seu poder destrutivo é equiparado à explosão de quatrocentas bombas de hidrogênio.
As consequências da forte erupção foram sentidas em todo o mundo: durante um ano poeira vulcânica se manteve na atmosfera do planeta, impedindo os raios do sol de chegarem ao solo. E o próprio sol adquiria por um tom ora vermelho-sangue, ora azul e verde, aterrorizando as pessoas.
A ilha de Krakatoa, que deu o nome ao vulcão, encontra-se no arquipélago malaio, o maior do mundo. É um grupo de ilhas entre o Sudeste Asiático e a Austrália. As maiores entre elas são Java e Sumatra. De um lado está o Oceano Índico, e do outro o estreito de Sunda do oceano Pacífico. Por suas características tectônicas este lugar é ideal para a formação de vulcões, disse à Voz da Rússia o diretor do departamento de geologia dinâmica da Universidade Estatal de Moscou Nikolai Koronovsky:
“Nessa área há uma grande quantidade de vulcões. Porque esse lugar – uma chamada margem continental ativa – é perfeito para eles. A plataforma oceânica indiana está se movendo para baixo das ilhas. E por causa disso se formam câmaras de magma. Nesses vulcões, como dizem geólogos, o magma é muito explosivo.”
A erupção do Krakatoa decorreu como deve qualquer vulcão. Primeiro, a uma profundidade de 100-150 quilômetros, formou-se uma câmara de magma – rocha derretida. Depois, sob a pressão dos gases nele contidos, o magma começou a se mover para cima. E quando a pressão do gás excedeu o limite de resistência das rochas que cobriam o topo do vulcão, o magma fê-las saltar como uma rolha. E foi pelos ares, resumiu Nikolai Koronovsky:
“A explosão foi tal que metade do Krakatoa desmoronou, formou-se uma cavidade enorme, uma chamada “caldeira”. Surgiu uma grande onda – um tsunami. Morreram 40 mil pessoas. E a explosão foi ouvida a mais de cinco mil quilômetros. A onda de choque da explosão deu a volta ao planeta duas vezes. Foi uma explosão colossal. Ela destruiu a maior parte do vulcão.”
O mais surpreendente é que o antigo vulcão Krakatoa era considerado quase extinto. A montanha de 820 metros de altura não assustava os indígenas da ilha de forma nenhuma. Mesmo quando no final de maio de 1883 a cratera da montanha de repente voltou à vida e lançou cinzas quentes para o céu, não houve grande preocupação. Tudo depressa se acalmou.
No início do verão o vulcão traiçoeiro voltou a lembrar de si, e mais uma vez “delicadamente” – com tremores fracos. No entanto, antes do final do verão, das entranhas da terra passou a ouvir-se um forte zumbido contínuo. E em 26 de agosto, a uma hora da tarde, a ilha foi sacudida por um barulho ensurdecedor. Às duas horas, sobre ela formou-se uma nuvem de cinzas negras de 27 quilômetros de comprimento.
Na manhã seguinte, 27 de agosto, tudo acabou: um fortíssimo terremoto partiu a ilha em dois como se fosse uma casca de noz. Mas Krakatoa não se acalmou de imediato – tremores continuaram durante mais meio ano!
Predizer o comportamento de vulcões é difícil embora eles sejam observados minuciosamente, diz Nikolai Koronovsky:
“Atualmente, estão “funcionando” sete ou oito vulcões. No Congo, na Nicarágua, no Chile (nuvens de cinzas estão se movendo rapidamente para a Austrália). No Peru, no Equador – o vulcão Tungurahua, o que significa “garganta de fogo”. Em Kamchatka e na Guatemala. Na Indonésia acordou o vulcão Merapi, um vulcão muito perigoso que está lançando nuvens de cinzas escaldantes.”
Mas então e o Krakatoa? Hoje, em seu lugar está um vulcão jovem, o Anak Krakatau, que na tradução de indonésio significa “Filho de Krakatoa”. Ninguém pode garantir que ele não vai explodir – a câmara subterrânea de magma não se extinguiu, é um vulcão ativo. No entanto, por enquanto não há indícios de atividade perigosa.
Mas não só o Anak Krakatoa lembra o desastre de 1883. Depois que os habitantes das ilhas mais próximas ao vulcão deixaram esses lugares, o mundo natural aqui começou a se recuperar e na ausência de intervenção humana floresceu extraordinariamente. Atualmente, aqui encontra-se o Parque Nacional indonésio de Ujung Kulon onde habita uma enorme variedade de animais e aves exóticos. Os representantes mais espetaculares dos habitantes locais são as borboletas gigantes de cores deslumbrantes, cuja envergadura chega até 20 centímetros.
Fonte: Voz da Rússia