No caminho de um novo gasoduto que uma empresa de energia de Israel pretende erguer no Norte do país se escondia uma surpresa explosiva: um bem preservado sarcófago de argila, de estilo egípcio e com cerca de 3.300 anos, cujo interior continha um anel de ouro com um selo raro.
Em forma de escaravelho e com incrustações de cobras, a joia alude, segundo arqueólogos, ao faraó Seti I, pai de Ramsés II e considerado por muitos egiptólogos como o soberano mencionado na história do êxodo bíblico liderado por Moisés.
A presença do anel num caixão de estilo egípcio e ladeado por oferendas, como nos enterros da civilização, acentua a forte influência dos faraós pelo Oriente Médio, especialmente em Canaã, há mais de três mil anos.
O conjunto contém ainda ossos raros e pertences pessoais de um cananeu rico, provavelmente um funcionário do exército egípcio. Os arqueólogos estudam retirar amostras de DNA para tentar identificá-lo.
O que se sabe é que ele foi enterrado em algum momento do fim da Idade do Bronze (século XIII a.C.). Quanto ao anel com o selo de Seti I, não há dúvidas: quem o carregava era considerado importante, protegido não só por Seti como também pelo deus Rá, o Sol.
— Havia também uma adaga, uma tigela de bronze e uma variedade de cerâmicas, consistindo principalmente de potes de armazenamento de comida, talheres e utensílios para fins religiosos — descreve o arqueólogo Dan Kirzner, um dos responsáveis pela escavação, juntamente com Edwin van der Brink e Ron Be’eri.
Como o caixão foi feito localmente, acredita-se que se tratava de um oficial egípcio de origem cananeia. Outra possibilidade é que o caixão pertencesse a um morador local produzido com inspiração egípcia.
A peça estava enterrada numa espécie de cemitério milenar. No sítio havia ainda os corpos de outros homens e mulheres, provavelmente membros da família do oficial.
O faraó Seti I, um dos mais poderosos da 19ª dinastia, também conhecido como Menmaatre, começou seu reinado em 1294 a.C.
Nesse mesmo ano, uma revolta contra ele nasceu no Vale de Bet Shean, em Canaã, às margens do Mar da Galileia, numa região que hoje faz parte do Estado de Israel. Seti sufocou a rebelião e estabeleceu um reinado egípcio em Canaã. Os cananeus que colaboraram se tornaram a elite local.
O último caixão desse tipo havia sido descoberto em Israel há 50 anos. Eles são raros porque só pessoas da elite local podiam encomendá-los.
Segundo os especialistas, os artefatos enterrados junto com ele eram divididos em dois tipos, como acontecia em enterros do antigo Egito: oferendas aos deuses e produtos que ajudariam o morto a sobreviver numa próxima vida.
Fonte: O Globo Online