Em menos de 20 anos será possível trazer de volta à vida pessoas que passaram mais de um dia sem atividade cerebral ou cardíaca. Esta é a previsão do médico inglês Sam Parnia, chefe da UTI do hospital da Stony Brook University, de Nova York, nos EUA. O trabalho liderado por Parnia garantiu a sobrevivência de 33% dos pacientes vítimas de parada cardíaca, enquanto a média nos outros hospitais americanos é de 16%. No Brasil, o Instituto do Coração (InCor), de São Paulo, também apresenta índices semelhantes, com taxa de sobrevivência em caso de paradas cardíacas de 30%. Estes números levam os médicos a questionar qual seria o verdadeiro momento da morte, um conceito que vem mudando ao longo do tempo, especialmente agora com os consideráveis avanços da chamada "ciência da ressuscitação".
Novas técnicas têm desempenhado um brilhante papel no momento crucial de trazer pessoas "tecnicamente mortas" de volta à vida". No caso, o paciente vítima de uma parada cardíaca recebe três tratamentos: a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO, em inglês), a hipotermia e o tratamento da causa que levou à parada, imediatamente após a volta dos batimentos.
No primeiro procedimento é usado um aparelho que faz a oxigenação contínua do sangue do paciente; no segundo há um resfriamento da temperatura do corpo para que as células nervosas possam ser preservadas. Desta maneira, os médicos têm tempo para o terceiro passo: solucionar o que provocou o colapso cardíaco. Entre estes métodos, os pesquisadores querem se aprofundar nas técnicas de resfriamento do corpo humano por meio do estudo dos processos fisiológicos dos animais que entram em hibernação.
A grande questão, porém, é saber até onde deve ir a luta para trazer uma pessoa de volta à vida. “Em geral, ninguém mais deveria morrer de enfarte”, diz Sam Parnia. Os novos procedimentos têm mostrado bons resultados em vítimas de paradas cardíacas, mas o que dizer em relação aos pacientes terminais de câncer, ou pessoas que sofreram graves acidentes de carro? Ou seja, situações em que o organismo está seriamente comprometido? O certo é que em um futuro não muito distante a morte será encarada de uma maneira bem diferente do que concebemos nos dias atuais.
Fonte: Seu History