Moradores de Betânia do Piauí, no sertão do estado, descobriram a existência de fósseis de um peixe que viveu na Terra há 100 milhões de anos, no período Cretáceo. De acordo com um paleontólogo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), trata-se da espécie Vinctifer.
O professor de história Amadeus José Rodrigues foi quem encontrou os fósseis. Seus alunos o alertaram sobre a possibilidade de existir pela região partes de espécies petrificadas após participarem de uma aula em que Rodrigues explicou a formação dos fósseis.
"Dias após uma aula, alunos que moram próximo a essa região chegaram na escola relatando que teriam visto um material parecido com o que mostrei. Resolvi ir até lá e constatei que se tratava mesmo de fósseis, então guardei. Ainda não mostrei para nenhum especialista para saber qual o seu valor histórico”, relatou Rodrigues.
O G1 mostrou as imagens do material encontrado para o paleontólogo e professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Juan Carlos Cisneros.
O especialista afirmou que os fósseis de Betânia do Piauí são da espécie Vinctifer.
“Esse fóssil foi encontrado na região da Chapada do Araripe que abrange boa parte do Ceará, Norte do Pernambuco e um pouco do Leste do Piauí. Nela é comum encontrar fósseis de peixes e por isso é considerada uma das mais importantes áreas para a Paleontologia em nível mundial”, avaliou Juan Cisneros.
O especialista disse ainda que há muita coisa a ser descoberta no Piauí neste campo científico, mas que isso não acontece com frequência porque a maior parte das pesquisas foca o estado do Ceará.
Juan Cisneros esteve recentemente na cidade de Curral Novo, a 45 km de Betânia, e por lá também encontrou fósseis de peixe da mesma espécie, assim como caracóis e algumas plantas, todos do período Cretáceo. Todo o material foi levado para o campus da UFPI, em Teresina, e em breve fará parte do acervo do Museu de Arqueologia e Paleontologia, em fase de instalação.
Foi também no extremo Sul do Piauí que o paleontólogo encontrou o fóssil de uma preguiça gigante que viveu no período popularmente conhecido como a Era do Gelo. O material foi descoberto na cidade de Corrente, a 874 km da capital.
“É importante que o Piauí proteja este patrimônio e promova pesquisas na região, que é uma das mais importantes para a paleontologia”, destacou Cisneiros.
Fonte: G1