quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Esqueleto de 4.500 anos é desenterrado na Sibéria e pode revelar o caso mais antigo de câncer



O câncer, que hoje é responsável por uma em cada quatro mortes no mundo ocidental, poderia existir há 4500 anos.

Pelo menos é o que arqueólogos desconfiam, ao encontrarem um esqueleto dessa idade, na Sibéria, que poderia ter sido vítima de um câncer no pulmão ou na próstata, segundo marcas em seus ossos.

O esqueleto do homem da Era do Bronze, permanece onde foi exumado, em um cemitério de caçadores e coletores na região de Cis-Baikal, na Sibéria. "Aparentemente, ele representa um dos primeiros casos de câncer humano em todo o mundo, e o caso mais antigo documentado até o momento, a partir do nordeste da Ásia", disse Angela Lieverse, uma bioarqueologista da Universidade de Saskatchewan, em Saskatoon, no Canadá.

Esqueletos mais antigos, com ideia entre 5.000 e 6.000 anos de idade, têm rendido descobertas semelhantes, mas os cânceres, ou não se confirmaram, ou os tumores encontrados eram benignos.

Analisando os restos russos com Daniel Temple, da George Mason University, na Virgínia e Vladimir Bazaliiskii, da Irkutsk State University, na Rússia, Lieverse descobriu que o câncer havia se espalhado nos ossos do homem da cabeça ao quadril, incluindo seus braços e pernas, e praticamente todos os pontos entre eles. “Como ele estava morrendo, dor e fadiga teriam sido seus companheiros constantes, pontuados por períodos de pânico enquanto ele lutava para respirar”, disse a pesquisadora.

A comunidade do homem teria o sepultado em uma posição fetal, em um poço circular, de acordo com a pesquisa publicada na revista Plos One. A vítima de câncer foi enterrada com um osso ornamental e uma colher de osso, esculpido com uma alça de serpente sinuosa.

Acredita-se que ele teria entre 35 e 40 anos de idade quando morreu. Os pesquisadores realizaram uma bateria de testes no homem, como se ele tivesse morrido recentemente e descartaram a possibilidade de que ele havia morrido de tuberculose ou doenças fúngicas.

Eles disseram que o mais provável teria sido um carcinoma metastático - câncer que começa em uma parte do corpo e se espalha. "É claro que a doença havia progredido consideravelmente, se espalhado muito além de sua localização original no corpo e contribuindo para a sua morte", disse Lieverse. "Sua idade, sexo e as lesões em seus ossos apontam para câncer de pulmão ou, possivelmente, câncer de próstata”, relata.

Esqueletos antigos que carregam as cicatrizes do câncer são raros, levando algumas pessoas a acreditar que a doença é um fenômeno recente causado por nosso estilo de vida moderno.

O homem da Idade do Bronze vivia em uma região montanhosa com lagos de água doce e teria uma dieta saudável a base de peixe, caça e plantas sazonais frescas. No entanto, esta descoberta fornece evidências que refutam essa hipótese.

Lieverse suspeita que, tendo em conta variáveis como a maior expectativa de vida, o câncer pode ter sido consideravelmente mais comum nos tempos antigos do que geralmente se presume.

"À medida que a morte do esqueleto se familiariza com o que parece ser carcinoma metastático, o número de casos identificados pela pesquisa bioarqueológica tende a aumentar", disse ela. “Um exemplo disso aconteceu com o escorbuto. Uma vez que nós sabíamos o que o escorbuto fazia para o esqueleto e nos tornamos familiarizados com esses sinais, a identificação da doença aumentou”, concluiu.

Fonte: Jornal Ciência
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