quinta-feira, 23 de julho de 2015

Genética fornece novas pistas sobre povoamento das Américas


O continente americano teria sido povoado por uma única onda migratória há menos de 23 mil anos e alguns índios da Amazônia teriam a mesma ascendência genética dos aborígenes australianos, segundo dois estudos publicados nesta terça-feira que esclarecem sobre o mistério do povoamento das Américas.

Antropólogos e arqueólogos debatem há muito tempo sobre as origens dos primeiros ocupantes das Américas.

A tese mais comumente aceita é a de imigrantes vindos da Ásia que atravessaram a faixa de terra que ligava a Sibéria e o Alasca, hoje em dia imersa sob o Estreito de Bering. Mas em quantas ondas migratórias sucessivas e em qual momento da História? A questão ainda continua em aberto.

Baseando-se em dados genéticos de indivíduos antigos e modernos das Américas, da Sibéria, da Oceania, da Europa e da África, Maanasa Raghavan, da Universidade de Copenhague e seus colegas avançam que os primeiros ameríndios chegaram da Sibéria em uma única onda migratória, há menos de 23 mil anos. Os migrantes teriam inicialmente ficado entre o Alasca e a Sibéria oriental durante 8 mil anos, antes de seguirem seu caminho e se dividirem entre as duas Américas.

Segundo o estudo, publicado na revista especializada norte-americana Science, as diferenças genéticas entre as populações ameríndias atuais não viriam de diversas ondas migratórias, mas de encontros ocorridos após a grande migração inicial.

A equipe também colocou em evidência uma relação genética, que aparece na onda da migração inicial, entre certos ameríndios com populações da Ásia Oriental e com os australo-melanésios (região de Papua, Ilhas Salomão e sudeste asiático). "Esta descoberta surpreendente indica que a população do Novo Mundo não ficou isolada do Velho Mundo após sua migração inicial", explicou o estudo.

David Reich e Pontus Skoglund da Havard Medical School de Boston (Estados Unidos) compararam o genoma de 30 populações ameríndias da América Central e do Sul, com o de 197 pessoas ao redor do mundo.

Segundo estes testes genéticos, publicados na revista britânica Nature, algumas populações ameríndias da Amazônia (América do Sul) seriam geneticamente mais ligadas aos primeiros indígenas da Austrália, da Nova Guiné e das Ilhas Andamão (arquipélago de ilhas na Índia) do que aos eurasianos ou ameríndios de hoje em dia.

Para os cientistas, estas "misturas" de genes ocorreram durante encontros após a grande onda migratória inicial mas antes da chegada dos primeiros ameríndios na Amazônia.

"Nosso estudo sugere que houve outras contribuições" que vieram acrescentar ao genoma inicial vindo da Sibéria. "O que não contradiz os resultados de Maanasa Raghavan", afirmou Pontus Skoglund à AFP.

Fonte: UOL
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