domingo, 20 de dezembro de 2015

Urnas de sepultamento com mais de 500 anos são encontradas em RO



Moradores encontraram peças na margem do Rio Madeira, em Porto Velho. Arqueólogos acreditam que objetos sejam do período pré-colonial.

Três urnas de sepultamento humano, que podem ter mais de 500 anos, foram encontradas durante escavação na margem esquerda do Rio Madeira, em Nova Aliança, distrito de Porto Velho.

As escavações foram realizadas por arqueólogos, professores e alunos da Universidade Federal de Rondônia (Unir), no sítio arqueológico Donza. O acervo está sendo analisado por pesquisadores e passará por estudo.

Uma das responsáveis pelas escavações, a professora Silvana Zuse, diz que ainda não é possível datar as peças, nem mesmo saber a qual povo pertence.

Porém, os pesquisadores devem buscar recursos para a realização do exame, que só pode ser feito nos Estados Unidos. Segundo ela, não há um laboratório no Brasil que realize este tipo análise. Zuse acredita que as peças sejam de 1490.

As escavações foram realizadas entre os dias 20 e 30 de novembro. Além das três urnas, foram recuperandas 12 vasilhas inteiras e semi inteiras, que constituíam um contexto funerário da época.

De acordo com a professora e doutora da Unir, Juliana Santi, os arqueólogos chegaram ao local após um ribeirinho comunicar a sobrinha, aluna de arqueologia da universidade, que estavam encontrando pedaços de cerâmicas antigas enterradas no barranco do rio.

A Unir então entrou em contato com a Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), que ofereceu ajuda logística com apoio do Exército Brasileiro.

A diretora do museu Palácio da Memória, Ednair Nascimento, afirmou que o principal objetivo da escavação era fazer um regate arqueológico das urnas que foram encontradas por moradores locais, valorizando e reforçando a história cultural do estado.

Ednair afirma que as urnas devem ser da era pré-colonial do estado. "Há evidências de que três processos de ocupação humana aconteceram na região em épocas distintas. No momento, ainda não temos a idade certa, mas com certeza é pré-colonial, devem ter sido enterrados antes da colonização do homem branco na região. Agora precisamos saber a que processo de ocupação esse esqueleto pertence", afirma.

As urnas foram retiradas do local e transportadas para Porto Velho, onde terão as pesquisas continuadas em um dos laboratórios da Unir e será finalizada a escavação na parte interna na urna.

Descoberta

No mês de maio, os professores Juliana Rossato Santi, Silvana Zuse e Eduardo Bespalez verificaram o local após o comunicado do morador e constataram a existência do sítio arqueológico.

Os professores explicam que um relatório foi feito e encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) para providenciar o egistro e informar sobre as condições de conservação que o sítio estava exposto. Sugeriu-se a denominação do referido sítio de "Sítio Donza", referindo-se ao proprietário que identificou o sítio há alguns anos.

"Esse trabalho, além contribuir para ampliar o conhecimento sobre a arqueologia no estado de Rondônia e na Amazônia, tem como principal objetivo investigar o sítio arqueológico Donza cuja integridade está ameaçada pela dinâmica fluvial e sedimentar do Rio Madeira", explica Santi.

Para o estudante do primeiro período de arqueologia, João Emanuel, que participou das escavações durante quatro dias contínuos, a descoberta proporciona uma melhor visão do passado perdido dos povos antigos.

"Minha turma foi em três equipes para facilitar a locomoção. Fiquei por quatro dias no sítio. Foi uma experiência marcante, um ótimo aprendizado. Embora eu não tenha muito conhecimento sobre a área por ter começado agora, é um fato que nosso estado possui uma Arqueologia muito rica e que merece muito mais atenção", conclui o estudante.

Após ser finalizada a escavação e serem feitas as análises necessárias nos objetos encontrados, eles serão encaminhados para o Museu Palácio da Memória, em Porto Velho. Ao todo, participaram das escavações 26 alunos de arqueologia da Unir, três professores do mesmo curso, uma arqueóloga da Sejucel, oito representantes do Exército e uma arqueóloga autônoma egressa do curso.

Fonte: G1
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