terça-feira, 17 de setembro de 2013

Mais de mil fósseis são encontrados em Santana do Cariri, Ceará

Do material retirado até agora, poderá surgir algo diferente do que já foi descrito, segundo os pesquisadores.

Cerca de 10 mil fósseis poderão ser encontrados até o fim do projeto da maior escavação controlada do Nordeste, que está sendo desenvolvida na Bacia Sedimentar do Araripe.

Mais uma etapa de trabalho foi finalizada, com 972 peças encontradas em concreções e mais 300 em folhelhos. Na primeira grande escavação realizada em Araripe, em 2011, foram cerca de 4 mil fósseis achados. Os trabalhos de campo prosseguem no próximo ano.

Segundo a coordenação do projeto, que reúne pesquisadores de três universidades, tendo à frente a Universidade Regional do Cariri (Urca), o trabalho representa um marco para a pesquisa paleontológica e formação de novos profissionais na área, além de revelar grande descobertas, a exemplo de uma espécie única de camarão encontrado na área e um dos maiores pterossauros já descritos, achados no ano de 2011.

O trabalho faz parte do projeto de pesquisa "Estudos Sistemáticos e Paleoecológicos da Fauna de Vertebrados das Formações Crato e Romualdo (grupo Santana) da Bacia do Araripe".

O projeto vem sendo coordenado por meio da Urca. Segundo o coordenador da pesquisa, professor Álamo Feitosa, o trabalho veio mais uma vez dar uma importante contribuição para o fortalecimento das pesquisas no âmbito da Paleontologia.

Em Santana do Cariri, uma das áreas de maior incidência de fósseis da Bacia, foram encontradas diversas peças de peixes, comuns na formação Romualdo.

Até o momento foram descritas 26 espécies achadas na região, mas, de acordo com o coordenador das pesquisas, novidades poderão surgir a partir dos folhelhos encontrados.

Nessas peças, podem ser vistas pequenas espécies de peixes, de até 3 centímetros "Desse material poderá surgir algo diferente do que já foi descrito até o momento", afirma o pesquisador.

Reserva técnica

Todo o material encontrado será repassado para o Museu de Santana do Cariri e também os museus de Pernambuco e Nacional, no Rio de Janeiro, além do laboratório de Paleontologia da Urca, já que são fósseis considerados comuns e que já existem em abundância na área do Araripe.

As peças encontradas também serão encaminhadas para fins de pesquisa. É que neste caso, há a utilização de material químico e alguns fósseis chegam a quebrar durante os estudos.

O número de achados nos três nos de trabalho deverá ser bem representativo. Caso chegue à quantidade estimada, deverá até ultrapassar o acervo atual do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, que possui mais de nove mil fósseis. "O material, na verdade, fará parte da reserva técnica", afirma Álamo.

A escavação realizada durante 15 dias, finalizada na última semana, aconteceu no Parque dos Pterossauros, em Santana do Cariri, responsável por importantes achados fósseis, que vem sendo realizada desde 2011 na área da Bacia Sedimentar do Araripe.

As escavações foram feitas a 2km da cidade, envolvendo 20 pesquisadores da Urca, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio do Museu Nacional.

Período Cretáceo

O Parque dos Pterossauros denomina um dos nove geossítios do Geopark Araripe. No Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, se encontra um dos maiores acervos de fósseis do período Cretáceo do mundo, principalmente conhecido por conter holótipos de pterossauros, os répteis voadores.

No início da pesquisa, em 2011, foi encontrada na escavação na zona rural de Araripe, a asa de um pterossauro, o Tropeognathus mesembrinus, considerado um dos maiores do mundo. O professor Álamo Feitosa ainda afirma que as pesquisas continuam e no próximo ano será realizada mais uma escavação.

O trabalho de três anos já é considerado, para o paleontólogo, um grande sucesso e destaca a região como importante área de pesquisa da paleontologia no Brasil. São fósseis de mais de 110 milhões de anos.


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