A defesa de Victor no último lance contra o Tijuana, no jogo de volta das quartas de final da Libertadores, não sai da cabeça dos torcedores do Galo. Se convertido, o pênalti eliminaria o Atlético-MG da competição. Por isso, Douglas Alexandre, de 30 anos, resolveu marcar o momento na pele. Ele estava no Horto, não teve forças para ver a cobrança, mas entrou em êxtase após o chute de Riascos que parou na perna esquerda do goleiro alvinegro. Na emoção da comemoração, ele prometeu: "Se o Galo for campeão, vou tatuar o Victor na minha pele".
Dito e feito. O Galo ainda disputou mais quatros jogos antes de levantar o inédito título continental. O coração de Douglas aguentou, apesar de outros momentos de tensão nas semifinais e na final - com jogos decididos também nos pênaltis. E com Victor sempre voltando a ser herói. Depois da conquista, o atleticano seguiu para um estúdio de tatuagens e eternizou o momento da defesa das quartas de final.
- No dia do jogo contra o Tijuana, eu estava no Independência, naquele sufoco. Fiquei desesperado quando o juiz marcou aquele pênalti, aos 47 minutos do segundo tempo. Não consegui nem assistir à cobrança. Coloquei a camisa na cara e não vi mais nada. Depois, só lembro dos meus amigos chorando e me abraçando. Fiquei em estado de choque e fiz a promessa para eternizar aquele momento, algo para homenagear o Victor.
Douglas compara a sensação sentida ao nascimento do próprio filho.
- Acompanho o Atlético desde os sete anos de idade e nunca tinha sentido algo parecido. Falei para todos que aquilo foi a maior emoção que senti na vida. Senti a mesma coisa no dia do nascimento do meu filho. Meus amigos me criticaram e falaram que a família vem em primeiro lugar, mas eu não podia mentir. Senti aquilo.
VEJA O PASSO A PASSO DA TATUAGEM
Douglas não demorou para procurar o estúdio de tatuagem. Por apenas R$ 250, já que o tatuador é seu amigo, eternizou a foto da defesa de Victor. Ele ainda adicionou a frase que, para ele, foi o mantra dos atleticanos na campanha do título: “Yes, we C.A.M”.
Foram exatos dois minutos e seis segundos entre o apito do juiz que marcou o pênalti de Leonardo Silva em Aguilar e a defesa de Victor, na cobrança de Riascos. Cento e vinte e seis segundos de sofrimento, seguidos de muito alívio. Alívio que foi substituído pela dor das quase quatro horas seguidas no estúdio para fazer a tatuagem. Douglas garantiu que não se arrepende da promessa, mas explicou que só sentiu sensação pior que a dor da tatuagem uma vez na vida.
- Poderia ter prometido raspar a cabeça, andar ajoelhado, mas essa tatuagem doeu demais. Quatro horas de dor constante, do início ao fim. Mas valeu a pena, porque que não imaginava que o resultado ficaria tão legal. Depois que vi a foto, percebi que valeu a pena. Mas a sensação de quando o juiz marcou o pênalti para o Tijuana foi dez vezes pior que a dor da tatuagem.
O torcedor ainda não pensou numa promessa caso o time seja campeão do Mundial de Clubes, em dezembro, no Marrocos. No entanto, ele acredita que a loucura feita pelo Galo poderá render um presente de algum atleticano solidário.
- Agora é torcer para que essa loucura que eu fiz pelo Galo seja recompensada. Que alguém me dê de presente uma viagem para ver o Galo em Marrocos.
Fonte: Globo Esporte