A Gripe Espanhola pode ter encerrado a Primeira Guerra Mundial mais Cedo
A gripe espanhola atingiu o planeta em 1918 e levou desse mundo mais de 50 milhões de pessoas em todos os continentes. Mesmo sendo relativamente recente e altamente mortífera, nossos livros de História não fazem muito caso desse evento - talvez porque ele deu a má sorte de cair bem no meio da Primeira Guerra Mundial.
A guerra realmente roubou a atenção que a gripe merecia, apesar de ter matado bem menos gente que a doença (cerca de 17 milhões de pessoas). Na própria época em que tudo aconteceu, notícias sobre a gripe foram censuradas nos países combatentes para evitar dar muita informação ao inimigo sobre o estado de saúde dos soldados e civis e, claro, para manter a moral da população mais ou menos estável. É por esse motivo, inclusive, que a doença se chama gripe espanhola: como a Espanha não participava do conflito, noticiava livremente as mortes da pandemia, dando a impressão ao resto do mundo de ser o foco da doença.
Apesar de pouco noticiada, a gripe espanhola foi talvez a pandemia
mais devastadora da História e cada vez mais historiadores concordam
hoje em dia que, não fosse por ela, a guerra poderia ter se arrastado
por vários outros meses e até ter tido um desfecho diferente. As tropas
alemãs e austríacas foram altamente enfraquecidas pela doença, mais do
que os aliados, o que pode ter impactado consideravelmente o desfecho do
conflito. Há quem diga que a doença se originou no Kansas, EUA, e foi
levada para a Europa junto com os soldados americanos que chegavam para
lutar. Se for isso, os EUA usaram pela primeira vez na história armas
biológicas para ganhar uma guerra - sem querer.
A Peste Negra e a Varíola podem ter Aumentado nossas Defesas contra o HIV
A peste bubônica - mais conhecida como peste negra - pode ter ganhado um
apelido mais ameaçador, mas a gripe espanhola certamente faria bullying
com ela no playground das doenças: apesar de terem matado mais ou menos
o mesmo tanto de gente, a peste negra demorou duzentos anos para fazer o
estrago que a gripe espanhola fez em apenas dois.
Mesmo assim, a peste negra não foi nenhuma brincadeira, tendo dizimado aproximadamente um terço da população europeia durante a Idade Média. Da mesma forma, a varíola causou epidemias mortíferas durante toda a história. O surpreendente é que, apesar dos seus horrores, as duas doenças podem acabar nos ajudando. Pesquisadores descobriram que ambas infiltram as células do nosso sistema imune da mesma forma que faz o HIV. Por sorte, durante as epidemias, alguns poucos indivíduos tinham uma mutação genética em suas células que impedia o contágio e os tornava imunes a doença. Isso significa que grande parte das pessoas sem a mutação morreram nas desgraças, dando a chance de as pessoas imunes se multiplicarem e ampliarem a resistência.
Séculos mais tarde, temos o HIV, uma doença que hoje encontra aproximadamente 10% de descendentes de europeus resistentes ou imunes ao seu contágio.
Hemofilia pode ter acabado com a monarquia na Rússia
Hemofilia é uma doença hereditária terrível que dificulta a coagulação do sangue. Isso significa que qualquer machucado em uma pessoa hemofílica pode causar hemorragias e acabar tirando a sua vida. Imagina, então, o desespero das monarquias europeias quando perceberam que suas famílias estavam sendo assoladas com casos frequentes da doença, cuja origem pôde ser traçada de volta a uma só pessoa: Rainha Vitória da Inglaterra.
Sem querer, a rainha Vitória acabou espalhando hemofilia entre as monarquias espanhola, alemã e russa. Ela própria não possuía a doença, mas carregava o gene responsável por ela. Quando seus filhos também portadores se casaram com membros de diferentes monarquias, a doença se espalhou e passou a ser conhecida como doença da realeza. A coisa se agravou quando Alexei Romanov, filho do czar Nicolau II e último herdeiro do trono russo (e bisneto da Rainha Vitória) nasceu com a doença, o que fez com que os pais se tornassem obcecados com a sua saúde e segurança. Foi por causa da hemofilia de Alexei que Nicolau II e Alexandra Feodorovna se aproximaram do infame monge Rasputin…
...que, de acordo com o casal real, conseguia controlar a doença do menino. Se a fama de feiticeiro do cara condiz com a realidade ou não, não importa. Fato é que Rasputin se tornou favorito do casal e passou a influenciar a política russa consideravelmente, fazendo com que o czar e a czarina caíssem no ridículo aos olhos do povo e o restante da nobreza se ressentisse da presença do monge/feiticeiro. Eventualmente (e depois de muitas tentativas) ele foi morto e apenas algumas semanas depois os Romanov foram derrubados pela Revolução Russa.
Fonte: Nó de Oito