quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Estranha criatura marinha possuía sistema de alimentação que intriga os cientistas


O Tribrachidium, uma bizarra criatura marinha que viveu há cerca de 550 milhões de anos, é diferente de qualquer organismo moderno. Uma nova pesquisa sugere que ela se alimentava de partículas em suspensão encontradas na água.

Uma nova pesquisa revelou que a estranha criatura cuja forma não se assemelha a de nenhum organismo vivo na Terra, provavelmente usava seu formato peculiar para alimentar-se; ela extraía as partículas suspensas na água.

O Tribrachidium era um organismo que habitava as águas menos profundas do oceano há cerca de 550 milhões de anos durante os últimos anos do período Ediacara. Seu formato era redondo e ele tinha três protuberâncias que mais pareciam tentáculos, localizadas no núcleo superior e plano de seu corpo.

Estranhamente, o Tribrachidium tinha simetria tripla, ou seja, três segmentos idênticos. Para que tenhamos uma ideia, os seres humanos têm simetria dupla ou bilateral, e a estrela do mar tem uma simetria quíntupla. Nenhum organismo vivo da atualidade possui simetria tripla.

“Visto que não temos nenhum elemento moderno que possa ser usado como referência, é realmente difícil descobrir como funcionava esse organismo quando estava vivo. Não sabemos como ele se movia — se é que fazia isso — como se alimentava nem como se reproduzia”, disse Imran Rahman, um dos pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e líder do estudo.

Rahman e seus colegas usaram uma técnica computacional chamada dinâmica de fluídos para mostrar que o Tribrachidium alimentava-se de partículas orgânicas que flutuavam na água. Algumas espécies marinhas modernas se alimentam dessa maneira, entre elas as frágeis estrelas do mar, vários crustáceos e moluscos bivalves.

O Tribrachidium viveu há 40 milhões de anos antes da Explosão Cambriana, quando a vida na Terra se expandiu e se diversificou de forma relativamente rápida. Segundo revelou Rahman à Ciência Viva, antigamente, os cientistas pensavam que os organismos do período Ediacara eram muito simples.

No entanto, as novas descobertas revelaram um quadro bastante mais complexo desse período de tempo. É possível que o Tribrachidium tenha até mesmo produzido alterações em seu ambiente.

A alimentação suspensa “mobiliza o material orgânico que está sendo transportado pela coluna de água”, disse Rahman. “Além disso, ela pode aumentar a passagem da luz solar através da água e aumentar poderosamente a oxigenação.”

Não há nenhuma evidência de que o Tribrachidium podia locomover-se, por isso os pesquisadores pensam que talvez ele se alimentasse de duas maneiras: por osmotrofia, ou pela absorção dos nutrientes dissolvidos na água. O estudo concluiu que ele também era capaz de capturar e digerir partículas maiores ao praticar a alimentação suspensa.

Para desmistificar os hábitos alimentares do Tribrachidium, Rahman e seus colegas criaram um modelo digital 3D do organismo, baseado no molde obtido de um fóssil encontrado no sul da Austrália (Fósseis do Tribrachidium também foram encontrados na Rússia e na Ucrânia).

Logo depois eles submeteram esse modelo digital a correntes virtuais, replicando o que teria sido seu ambiente no fundo dos mares de pouca profundidade.

As correntes desaceleravam quando atingiam o Tribrachidium e formavam redemoinhos ao redor do organismo. Esses turbilhões serviam para fazer com que a água circulasse novamente em direção ao Tribrachidium e se dirigisse para as reentrâncias existentes entre seus três braços simétricos.

É provável que a gravidade dirigisse todas essas partículas suspensas na água diretamente para essas fendas, permitindo que o Tribrachidium as captasse e se alimentasse com elas.

Uma simulação do Tribrachidium, feita por computador, mostra o fluxo de água sobre a parte superior de uma reconstrução 3D virtual desse organismo.

“Isso é realmente emocionante, porque até pouco tempo nós realmente não tínhamos nenhuma evidência forte de que os organismos desse período se alimentavam através de partículas suspensas na água,” diz Rahman.

Outras criaturas do período Ediacara continuam sendo um mistério, com seus formatos igualmente estranhos. Algumas como o Tribrachidium têm forma de disco, disse Rahman, já outras parecem folhas. Ele disse que gostaria de usar técnicas semelhantes de dinâmica de fluídos para descobrir como essas criaturas poderiam ter se alimentado.

“Esta abordagem tem sido muito valiosa para nós em nossa tentativa de entender esses organismos altamente misteriosos e enigmáticos,” disse Rahman.

A pesquisa foi publicada com detalhes na edição de 27 de novembro da revista Science Advances.

Fonte: Yahoo!
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