Uma grande e misteriosa área de magnetismo incomum, que vai do Alabama, passa pela Georgia e termina na costa da Carolina do Norte, parece ser a sutura entre rochas antigas que se formaram quando partes da África e da América do Norte estavam unidas, há 250 milhões de anos.
Se for isso mesmo, a África pode ter deixado muito mais do que se imaginava no sudeste norte-americano, quando os continentes se separaram e formaram o Oceano Atlântico.
“Existem algumas falhas grandes nos dados magnéticos”, disse o geólogo Robert Hatcher, da Universidade de Tennesse, em Knoxville, sobre o que é chamado de Anomalia Magnética de Brunswick e outras características magnéticas da região.
“Elas não estão ativas há muito tempo. São falhas de rejeito horizontal, como a de San Andreas, mas também há encostas mais jovens com direção oposta.”
As falhas parecem ser resquícios da colisão e da confusa separação entre África e América do Norte. Segundo Hatcther, “A Flórida quase foi separada do sul da Geórgia, então há uma fissura no solo da região. Nós sabemos que há uma sutura entre a crosta africana e a crosta mais jovem dos Apalaches. Algumas partes da crosta tiveram origem na África.”
Uma fissura é o que acontece quando a crosta se separa. Parece que essa fissura teve início há 200 milhões de anos (50 milhões de anos após a colisão entre África e América do Norte), perto da antiga zona de colisão, mas se deslocou para a crosta mais fraca, a leste.
Essa zona de fissura se abriu e causou erupções vulcânicas que criaram uma nova crosta oceânica – que hoje está no fundo do Oceano Atlântico. A fissura está atualmente na chamada dorsal mesoatlântica.
“Acredita-se que a idade da zona de sutura seja de cerca de 250 milhões de anos, mas isso não está muito bem definido”, disse o geólogo Elias Parker Jr. da Universidade da Geórgia, em Athens.
Ele publicou um artigo que revisa o que se sabe sobre a Anomalia Magnética de Brunswick na última edição da GSA Today.
O grande desafio de decifrar a história do sudeste dos EUA é que há sinais magnéticos intrigantes, além de medições gravimétricas, mas não há estudos de perfurações profundas o suficiente ou dados sísmicos que confirmem as falhas e os cenários propostos.
“Há falhas mais profundas e características mais superficiais,” disse Parker. “Isso torna a interpretação muito desafiadora.”
Entre os projetos sísmicos que podem ajudar na determinação das estruturas, Parker menciona a SESAME (Experimento da Sutura Sudeste da Margem dos Apalaches, em tradução livre) e o Experimento da Bacia da Fissura da Georgia.
“Este é só o primeiro passo para entender a estrutura do sudeste dos Estados Unidos”, disse Parker. “O que estou tentando fazer é encontrar uma explicação simples para ela.”.
Por Larry O’Hanlon
Fonte: Discovery