Um grupo de neandertais matou e comeu seus vizinhos, segundo descoberta apresentada na Royal Society de Londres.
Através de modernas técnicas forenses, incluindo análise de DNA, os pesquisadores descobriram que 12 neandertais da mesma família - três mulheres, três homens, três meninos adolescentes e três crianças com idades entre 2 e 9 anos - tinham sido comidos por seus pares.
Os restos mortais foram descobertos no sistema de cavernas El Sidrón, perto de Astúrias, na Espanha, e segundo o biólogo Carles Lalueza-Fox, do Instituto de Biologia Evolucionista de Barcelona, os ossos das vítimas foram abertos para que se extraísse o tutano, enquanto os crânios foram abertos para que cérebros e línguas pudessem ser comidos.
Ao analisar as ferramentas de pedra usados pelos assassinos, os cientistas descobriram que eles tinham vindo de quilômetros de distância, provavelmente neandertais de um grupo vizinho.
- Eu arriscaria dizer que eles foram mortos no inverno, quando havia pouco alimento. Não há evidência de fogo, o que indica que eles foram comidos crus e cada pedaço de carne foi consumido. Eles cortaram inclusive ao redor das mandíbulas para extrair a língua - disse Lalueza-Fox ao “Daily Mail”.
Ele disse que, como os neandertais viviam em pequenos grupos, estavam sujeitos a comer uns aos outros em tempos de escassez de alimentos — ao contrário de humanos modernos que viviam em grupos maiores e trabalhavam juntos em tempos mais difíceis.
Os restos mortais analisados na pesquisa foram descobertos acidentalmente por exploradores em 1994, com escavações sistemáticas a partir de 2000. No total, 13 indivíduos foram recuperados em uma operação meticulosa projetada para evitar a contaminação dos vestígios com DNA humano moderno.
Por causa das baixas temperaturas na caverna, a cerca de 18 metros de profundidade, o DNA dos neandertais foi preservado por séculos, sem contato com o DNA de outros grupos, animais ou humanos. Os ossos foram encontrados misturados com cascalho e lama em uma pequena galeria da caverna, a 213 metros da entrada.
Lalueza-Fox acredita que as vítimas tenham sido abatidas em um abrigo rochoso situado acima de onde os restos foram encontrados; a carne foi despojada dos ossos que foram, então, despejados. Uma poderosa tempestade pode ter lavado os ossos, as ferramentas de pedra e os sedimentos para uma fresta embaixo da pedra, onde foram encontrados.
Fonte: O Globo Online