domingo, 14 de junho de 2015

Primeiros humanos modernos migraram da África pelo Egito, indicam análises genéticas modernas


Um estudo publicado na quinta-feira 28 no site do periódico científico "American Journal of Human Genetics" sugere que os primeiros humanos modernos migraram da África para a Europa pelo Norte do continente, passando pela região que hoje é o Egito — e não pela região mais ao Sul, atual Etiópia, conforme outra teoria indicava. A conclusão foi possível graças a análises genéticas realizadas na atual população dos dois países.

— A consequência mais excitante dos nossos resultados é descobrir o véu que estava escondendo um episódio importante da história de todos os eurasianos, melhorando a compreensão de bilhões de pessoas da sua história evolucionária — afirmou Luca Pagani, da Universidade de Cambridge e do "Wellcome Trust Sanger Institute", e primeiro autor do estudo. — É excitante que, na nossa era genômica, o DNA das pessoas vivas nos permite explorar e entender eventos com os nossos antepassados há 60 mil anos atrás.

A equipe do pesquisador mapeou o genoma de 255 pessoas do Egito e da Etiópia. Estudos anteriores mostraram que essas populações modernas foram objeto de fluxo genético de populações da Ásia Ocidental, então eles excluíram a contribuição da Eurásia para os genomas da população moderna africana.

Os genomas mascarados restantes da região egípcia se mostraram mais semelhantes a amostras não africanas, e presentes em maior frequência fora da África do que os genomas mascarados das regiões etiópicas. Isso indica que o Egito possui maior probabilidade de ser a rota da expansão dos primeiros humanos modernos para o resto do mundo.

No estudo também foram usados genomas de alta qualidade para estimar quando as populações se dividiram uma da outra: as pessoas fora da África se separaram do genoma egípcio mais recentemente do que do etíope — há 55 mil anos atrás, ao invés de há 65 mil. Esse dado comprova a ideia de que o Egito foi a última parada no caminho para a rota fora da África.

— Enquanto nossos resultados não respondem às controvérsias a respeito das complexidades da expansão para fora da África, eles delineiam um claro panorama em que a principal migração para fora da África se deu pelo Norte, ao invés da rota ao Sul — afirma Toomas Kivisild, do Departamento de Arqueologia e Antropologia da Universidade de Cambridge, e um dos autores do estudo.

A pesquisa ainda deixa algumas questões em aberto, como se houve outras migrações do continente africano há cerca de 55 mil anos que não deixaram rastros genéticos atuais.

O vasto catálogo público da diversidade genética das populações egípcia e etíope criado para o projeto também oferece valiosas informações para futuros estudos médicos e antropológicos.

Fonte: O Globo
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