quinta-feira, 15 de maio de 2014

Redução do corpo dos dinossauros permitiu sua sobrevivência


Um estudo que “pesou” centenas de dinossauros sugere que o encolhimento de seus corpos pode ter ajudado o grupo que se tornou aves a continuar explorando novos nichos ecológicos durante sua evolução. Isso lhe garantiu um enorme sucesso.

Cientistas da Universidade de Oxford e do Museu Real de Ontário, no Canadá, estimaram a massa corporal de 426 espécies de dinossauros com base na espessura dos ossos das patas.

Os pesquisadores descobriram que o tamanho do corpo dos dinossauros aumentou rapidamente desde sua origem, 220 milhões de anos atrás. Este processo, no entanto, foi reduzido logo depois.

Apenas a linha evolutiva que leva às aves continuou a mudar do tamanho, em um processo que durou 170 milhões de anos, produzindo uma diversidade ecológica não vista em outros dinossauros.

- Os dinossauros não estão extintos. Há cerca de 10 mil espécies vivas hoje, na forma de pássaros - explicou Roger Benson, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Oxford, que liderou o estudo.

- Queremos entender as relações evolutivas entre este excepcional grupo de seres vivos e seus parentes do Período Mesozoico, incluindo espécies extintas muito conhecidas, como o T. rex, o Triceratops e o Stegosaurus.

A equipe de Benson encontrou uma grande variação de massa corporal na linha de dinossauros que levava às aves, especialmente em grupo de dinossauros emplumados, que abrange animais de diversas formas, pesando entre 15 gramas e 3 toneladas, de dieta carnívora, vegetariana ou onívora.
De acordo com o cientista, o pequeno corpo das aves pode ter sido fundamental para manter sua evolução.

- Como você pesa um dinossauro? Você pode fazê-lo medindo a espessura dos ossos das pernas, como o fêmur. É um critério confiável - ressaltou Nicolás Campiona, da Universidade de Uppsala, que também participou do estudo.

- Isso mostra que o maior dinossauro, o Argentinosaurus, de 90 toneladas, era 6 milhões de vezes mais pesado do que o menor dinossauro do Mesozoico, um pássaro chamado Qiliana, que pesava 15 gramas. Evidentemente a massa corporal do dinossauro era extremamente versátil.

A equipe examinou taxas de evolução do tamanho do corpo de algumas famílias de dinossauros, ao longo de seus primeiros 160 milhões de anos na Terra.

Se os parentes próximos tinham tamanho parecido, esta evolução foi provavelmente muito devagar. Mas se entre eles havia uma diferença muito grande no tamanho, então a evolução deve ter sido acelerada.

- O tamanho dos dinossauros evoluiu rapidamente no início, provavelmente associado à invasão de novos nichos ecológicos. Em geral, este processo diminuiu com a diversificação das linhagens - explica David Evans, coautor do estudo e cientista do Museu Real de Ontário. - Mas foram as elevadas taxas de evolução na linhagem dos dinossauros emplumados que levaram às aves.

A linha evolutiva que levou às aves foi marcada por uma grande variação no tamanho dos dinossauros - muitas vezes seus corpos diminuíram rapidamente.

O encolhimento fez com que estas espécies se adaptassem melhor ao ambiente do que as espécies maiores, que não conseguiram expandir seus nichos ecológicos e acabaram extintas.

Isso sugere que importantes grupos de vidas, como as aves, podem ser resultado de transformações ocorridas durante centenas de milhões de anos atrás, e que não poderiam ser observadas sem fósseis.

Paleontólogo do Museu Nacional, Alexander Kellner elogiou a adoção do tamanho do fêmur como um método para a medição dos dinossauros.

- Fica a pergunta: por que as grandes espécies foram extintas e as pequenas conseguiram sobreviver? Provavelmente isso ocorreu porque os maiores dinossauros não encontraram a energia e alimentação necessárias - explicou Kellner, que não participou do levantamento. - Quantos mais generalista o animal, melhor eles vai se adaptar a um novo nicho.

Kellner lembra que os mamíferos só proliferaram após a extinção dos dinossauros. Portanto, ao contrário do que ocorreu com as aves, sua linhagem não pode ser considerada uma “continuação” daquela registrada entre os grandes répteis.

A pesquisa foi publicada esta semana na revista “PLOS Biology”.

Fonte: O Globo Online
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