sábado, 7 de novembro de 2015

Fóssil muda história da evolução de macacos e humanos






Pequeno animal com mistura de características de superfamília inclui gibões, gorilas e humanos viveu há 11,6 milhões de anos, bem depois da época que se pensava que espécies tenham divergido.

Fósseis de um pequeno animal encontrados na região da atual Catalunha, Espanha, acabam de mudar o que se imaginava sobre a divergência evolucionária entre os chamados primatas superiores ou grandes primatas – grupo da família dos Hominídeos, que inclui orangotangos, gorilas, chimpanzés e seres humanos – e os primatas inferiores, da família Hylobatidae, representados hoje pelas várias espécies de gibões da Ásia.

Todos pertencentes à superfamília dos Hominóideos, até agora os cientistas acreditavam que o último ancestral comuns dos atuais e extintos primatas superiores e inferiores viveu entre 15 e 20 milhões de anos atrás, mas os restos da nova espécie, batizada Pliobates cataloniae, datados em 11,6 milhões de anos, apresentam características dos dois grupos, numa indicação de que esta divergência aconteceu muito mais tarde.

- A descoberta destes fósseis nos forneceu um capítulo que estava faltando no início da história dos primatas e humanos – destaca Sergio Almécija, professor de antropologia do Centro para Estudos Avançados da Paleobiologia Humana da Universidade George Washington, nos EUA, e um dos autores de artigo sobre o achado, publicado na edição desta semana da revista “Science”.

- Achávamos que os primatas inferiores tinham evoluído a partir de outros primatas com corpos maiores, mas esta nova espécie nos diz que pequenos e grandes primatas podem ter coexistido desde a origem do Hominóides. Outra explicação alternativa é que o Pliobates indique que os primatas superiores evoluíram a partir de ancestrais com o tamanho dos gibões.

Pesando entre quatro e cinco quilos quando vivo, tamanho similar ao dos menores gibões encontrados atualmente, o Pliobates exibe uma mistura de traços considerados mais primitivos na história da evolução dos primatas com outros associados a espécies mais modernas.

A anatomia de seus braços, por exemplo, apresenta ossos do punho e as juntas entre o úmero e o rádio com o mesmo desenho básico visto nos Hominóides existentes hoje. Além disso, análise filogenética baseada em mais de 300 características coloca a nova espécie próximo da divergência entre primatas superiores e inferiores na linha evolutiva dos Hominóides, sugerindo que o último ancestral comum das duas famílias pode ter sido mais parecido com os atuais gibões do que com os grandes primatas, como se pensava até agora.

- A origem dos gibões era um mistério devido à falta de registros fósseis, mas até agora a maior parte dos cientistas achava que seu último ancestral comum com os Hominídeos deveria ter sido grande, pois todos os fósseis seguramente de Hominóides encontrados até o momento eram de animais com corpos grandes – explica David Alba, pesquisador do Instituto Catalão de Paleontologia Miquel Crusafont (ICP) e líder do estudo, acrescentando que todos restos de Antropóides (subordem dos primatas que inclui os chamados macacos do Velho Mundo e do Novo Mundo, além dos Hominóides) com entre cinco e 15 quilos achados antes do Pliobates tinham um desenho corporal muito primitivo para serem relacionados com os atuais primatas superiores e inferiores. - Este achado muda tudo.

Fonte: O Globo
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